COVID-19

Governo avança com medidas para reabrir exportações

Pacote para impulsionar as vendas ao exterior e atrair investimento inclui aposta no digital.

Pacote para impulsionar as vendas ao exterior e atrair investimento inclui aposta no digital, mais mil milhões para seguros de crédito e campanha internacional. Eurico Brilhante Dias quer peso das exportações no PIB de volta aos 44% até "ao final da legislatura".


São 14 medidas "Ação covid-19", inseridas no Programa Internacionalizar 2030, com que o Governo pretende contrariar os números negros previstos para as exportações este ano: uma quebra de até 19,1%, segundo o Banco de Portugal. Há uma aposta forte no digital, o reforço em mil milhões de euros das garantias para os seguros de crédito e iniciativas para atrair investimentos industriais.


No próximo mês arranca a campanha internacional #PortugalOpenforBusiness. "Queremos mostrar que Portugal está aberto para o fenómeno da exportação e da angariação de Investimento Direto Estrangeiro (IDE)", afirma Eurico Brilhante Dias ao Negócios. A campanha vai estar nas redes sociais e em artigos na imprensa estrangeira A ideia é "tirar partido do facto de Portugal ter passado bem esta fase da pandemia, com boa imprensa internacional".
Antes ainda avança o roteiro #PortugalOpenforBusiness com visitas a fábricas de vários setores, para "mostrar casos" reais na campanha. "Algumas empresas podem estar ainda em lay off parcial, mas queremos mostrar que os setores estão abertos e disponíveis para receber encomendas", justifica o secretário de Estado da Internacionalização.


O roteiro vai passar em maio por Setúbal, Lisboa, Leiria, Santarem, Aveiro, Coimbra, Porto, Braga, Castelo Branco e Faro, mas prossegue em junho. Vão também ser realizadas reuniões de relançamento da promoção externa com associações empresariais de vários setores.


Reforço dos seguros de crédito
As 14 medidas incluem ainda um aumento do "plafond" global das garantias de Estado para os seguros de crédito, que passa de 2.000 milhões para 3.000 milhões de euros. A pandemia provocou uma redução significativa dos montantes concedidos pelas seguradoras de crédito. O Governo quer aproveitar o alargamento das coberturas das apólices aos países da OCDE aprovado pela Comissão Europeia. O modelo das garantias ainda está em estudo.


Dentro das linhas de apoio à liquidez está contemplado também o financiamento para as encomendas internacionais. O objetivo é que as empresas possam ter fundo de maneio para responder à procura dos clientes estrangeiros, evitando que problemas de tesouraria obriguem a recusar contratos.
O digital assume um papel central. A fase 3 dos fundos estruturais, que estava destinada de forma genérica às exportadoras, passa a estar focada na adoção de processos digitais. As futuras valências do Portal das Exportações da AICEP serão também potenciadas, como é o caso do "business matchmaking digital", que será alargado para responder ao cancelamento de feiras. O reforço da promoção digital será de resto, uma das prioridades.


O desenvolvimento de competências digitais e a reconversão de recursos humanos para o digital e o "customer service" serão outros dois eixos de atuação. Entre os objetivos está também o desenvolvimento do comércio eletrónico, que ganhou importância acrescida com os impactos da pandemia nos canais de distribuição, e a adaptação dos processos logísticos.

Voltar aos 44% do PIB
O objetivo é que "Portugal retome o peso das exportações que tinha no final de 2019 até ao fim da legislatura", diz Eurico Brilhante Dias, sublinhando que "as empresas exportadoras safaram-nos da última crise". O ano passado terminou com as exportações a valerem 44% do PIB e o Banco de Portugal chegou a projetar que elas pudessem atingir os 50% em 2021.

"Queremos posicionar Portugal como país liderante neste processo de reabertura, contando com a AICEP como braço armado desta estratégia", acrescenta o secretário de Estado da Internacionalização.
O turismo tem uma grande importância naqueles números: valeu 14,6% do PIB em 2018. Eurico Brilhante Dias revela que vai fazer visitas a unidades de saúde públicas e privadas em várias regiões para tranquilizar os turistas sobre a capacidade de resposta do sistema.


O pacote de medidas inclui ainda um programa de angariação de investimento direto estrangeiro. As cadeias de valor foram fortemente afetadas com o encerramento de fronteiras e as restrições ao transporte aéreo, o que fez emergir oportunidades de relocalização de indústrias em regiões mais próximas, sobretudo nos bens essenciais.
"O encurtamento das cadeias de abastecimento é uma oportunidade para Portugal integrar as cadeias de valor europeias", assinala o governante. O objetivo é afirmar "Portugal como local de produção alternativo", mostrando as suas vantagens competitivas e reconfigurando atividades. Queremos mostrar que Portugal está aberto para o fenómeno da exportação e da angariação de IDE. As empresas exportadoras safaram-nos da última crise. O encurtamento das cadeias de abastecimento é uma oportunidade para Portugal integrar as cadeias de valor europeias" (Eurico Brilhante Dias, Secretário de Estado da Internacionalização)

TOME NOTA
As 14 medidas de resposta à covid-19
Governo definiu um conjunto de iniciativas no âmbito do Programa Internacionalizar 2030 para responder à pandemia.

  • SEGURO DE CREDITO COM "PLAFOND" ALARGADO

Uma das medidas que a Comissão Europeia tomou como resposta à pandemia foi permitir o alargamento das coberturas das apólices dos seguros de crédito também para países da OCDE. O "plafond" global disponível para as empresas portuguesas é aumentado de 2 para 3 mil milhões.

 

  • FINANCIAMENTO À ENCOMENDA INTERNACIONAL

Dentro das linhas de apoio à economia Covid-19 está considerado o financiamento à encomenda internacional, permitindo que as empresas possam assegurar condições de liquidez para responder à procura de clientes estrangeiros.

 

  • BENEFÍCIOS FISCAIS DE APOIO À INTERNACIONALIZAÇÃO

A criação de um benefício fiscal à internacionalização e isenções em sede de imposto de selo em operações de financiamento à internacionalização, com vista a atuar no domínio da liquidez das empresas são medidas já contempladas no OE para 2020.

  • REFORÇO DOS FUNDOS ESTRUTURAIS PARA O DIGITAL

A fase 3 do concurso já aberto é orientada para os processos digitais. Mais de 63 milhões de euros foram já pagos pela AICEP até Abril.

 

  • REFORÇO DA PROMOÇÃO DIGITAL

A pandemia promoveu o canal digital como alternativa relevante de acesso ao cliente, pelo que será fundamental efetuar um reforço significativo das ações de promoção digitais.

 

  • "BUSINESS MATCHMAKING DIGITAL"

Tendo em conta a quebra dos meios de promoção tradicionais, será dada prioridade adicional à ferramenta de "bu- siness matchmaking digital" como espaço privilegiado de promoção entre a oferta nacional e os compradores estrangeiros. A ferramenta será disponibilizada no Portal das Exportações.

 

  • DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DIGITAIS

O impacto da pandemia nos canais de distribuição provocou disrupções, tendo acelerado a importância dos canais diretos, com especial destaque para o digital. O Governo diz que será dada prioridade a esta medida.

 

  • RECONVERSÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O DIGITAL

O digital e o "customer service" serão duas áreas de aposta para o programa de reconversão de recursos humanos, de forma a acompanhar as oportunidades que a pandemia proporcionará ao nível do comércio eletrónico e dos serviços de proximidade (fruto da disrupção das cadeias de valor).

 

  • PROGRAMA DE ANGARIAÇÃO DE IDE

A alteração provocada pela pandemia nas cadeias de valor, com destaque para a disrupção de processos de integração, leva ao aparecimento de oportunidades de angariação de investimento direto estrangeiro para reforço da cadeia de valor interna ("nearshoring").

 

  • INTERNACIONALIZAÇÃO DAS CADEIAS DE VALOR

Será fomentada a promoção da expansão internacional das cadeias de valor, de forma individual, cruzada ou mesmo em "metaclusters" europeus.

 

  • ACELERADOR DE INTERNACIONALIZAÇÃO ONLINE

Inserido no Portal das Exportações, o Acelerador de Internacionalização Online (AIO) é um módulo dedicado exclusivamente ao comércio eletrónico, que disponibilizará toda uma nova gama de serviços - informação, formação, consultoria, incentivos, entre outros - de apoio às empresas exportadoras.

 

  • REFORÇO DO COMERCIO ELETRÓNICO

Exportação, através do comércio eletrónico, mesmo numa lógica de "businesstobusiness" ganhou importância acrescida com os impactos da pandemia nos canais de distribuição, pelo que deve ser assumida como uma prioridade.

 

  • PROCESSO LOGÍSTICO PARA O COMÉRCIO ELETRÓNICO

A aposta crescente no comércio eletrónico, assim como as disrupções originadas nos canais de distribuição e nas cadeias de valor que resultam da pandemia, devem ser acompanhadas por uma gestão próxima dos processos logísticos que lhe estão associados.

 

  • PROGRAMA DE PROMOÇÃO

Desenvolvimento de um programa de promoção com predominância no canal digital, o #PortugalOpenforBusiness, para valorizar os produtos, as condições de investimento e o turismo em função daquilo que foi a gestão da pandemia no nosso país.

  • -14,9% INVESTIMENTO

Banco de Portugal estima queda entre 10,8% e 14,9% este ano.

Fonte: Jornal de Negócios - 2020-05-06

PortugalNews - 2020-05-07

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